terça-feira, 20 de agosto de 2013

Viajar no tempo














Por vezes não dão por vocês a lembrar-se de certas conversas que tiveram há muito tempo atrás? A recordarem-se de palavras exactas que vos foram ditas?

Eu hoje estou num desses dias…em que palavras que me foram ditas há muito tempo e que eu nem sequer sabia que me tinham ficado na memória voltaram.

No decurso do meu dia de trabalho, como habitualmente, ouvi conversas da minha colega com o marido (um dia hei-de perceber por que é que se tem conversas com família/marido/amigos – íntimas, portanto – no meio do local de trabalho onde todas as pessoas que nos rodeiam nos ouvem).

Confesso que não presto muita atenção à conversa, sei apenas que é com marido ou família porque o tom de voz deixa de ser agressivo-profissional e passa a ser dócil, mas ainda assim, de repente ouvi na minha cabeça: “eu não escrevo amo-te nos cartões, amo-te é tão forte”.

Minto…eu não ouvi apenas, eu de repente fui transportada no tempo para um dia de sol de Inverno, no pátio do colégio, com duas das minhas amigas na altura (que hoje já nem sei onde andam). Tínhamos todas talvez 14, 15 anos quando uma delas diz isto. E eu senti a textura da camisola que vestia naquele dia na minha pele, e o Sol que me batia na cara, e o cabelo desalinhado que teimava em tapar-me a cara.

De um momento para o outro eu era a rapariga que fui há 15 anos atrás, com todas as inseguranças pessoais e certezas acerca de como tudo deveria funcionar.

Em segundos fui transportada de uma vida para outra. Porque aquela pessoa que eu senti já está muito longe da pessoa que sou hoje...ficou pelo caminho.


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