Por vezes não dão por vocês a lembrar-se de certas conversas
que tiveram há muito tempo atrás? A recordarem-se de palavras exactas que vos
foram ditas?
Eu hoje estou num desses dias…em que palavras que me foram
ditas há muito tempo e que eu nem sequer sabia que me tinham ficado na memória
voltaram.
No decurso do meu dia de trabalho, como habitualmente, ouvi
conversas da minha colega com o marido (um dia hei-de perceber por que é que se
tem conversas com família/marido/amigos – íntimas, portanto – no meio do local
de trabalho onde todas as pessoas que nos rodeiam nos ouvem).
Confesso que não presto muita atenção à conversa, sei apenas
que é com marido ou família porque o tom de voz deixa de ser
agressivo-profissional e passa a ser dócil, mas ainda assim, de repente ouvi na
minha cabeça: “eu não escrevo amo-te nos cartões, amo-te é tão forte”.
Minto…eu não ouvi apenas, eu de repente fui transportada no
tempo para um dia de sol de Inverno, no pátio do colégio, com duas das minhas
amigas na altura (que hoje já nem sei onde andam). Tínhamos todas talvez 14, 15
anos quando uma delas diz isto. E eu senti a textura da camisola que vestia
naquele dia na minha pele, e o Sol que me batia na cara, e o cabelo desalinhado
que teimava em tapar-me a cara.
De um momento para o outro eu era a rapariga que fui há 15
anos atrás, com todas as inseguranças pessoais e certezas acerca de como tudo
deveria funcionar.
Em segundos fui transportada de uma vida para outra. Porque
aquela pessoa que eu senti já está muito longe da pessoa que sou hoje...ficou
pelo caminho.
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