quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A moda do Gin










Parece que tudo à nossa vida gira em torno de modas. E desiludam-se os que acham que moda é apenas algo que afecta mulher ou homens mais vaidosos. Todos somos vítimas da moda e ela está EM TODO O LADO.

Reparem agora na moda do Gin. Todos os anos existem bebidas alcoólicas da moda, só temos de estar atentos para ver qual a bebida que ganha este ano.

De repente comecei a ouvir falar de Gin em imensos sítios. Em casa, o meu marido vê vídeos de receitas de Gin, nos bares e nos restaurantes, há secções inteiras dedicadas a esta bebida, nas casas de artigos de casa, somos visualmente inundados pelas prateleiras com copos, colheres e formas de gelo especiais para o efeito.
Mas o que é que o Gin tem que o torna tão especial no Verão de 2013? 

Em minha opinião, nada de novo. Pessoalmente, nunca fui grande fã de Gin Tónico porque sou uma pessoa extremamente gulosa e a Água Tónica confere um gosto demasiado amargo à bebida. No entanto, e dado todo o rebuliço que actualmente se vive em torno disto (e sendo eu, em certa medida, uma fashion victim), lá me rendi às evidências e de vez em quando tenho tomado esta bebida.

Tenho de confessar que é uma bebida muito fresca – que é algo que sabe maravilhosamente bem com este calor imenso que se vive – e com os ingredientes que adicionam à água tónica (sendo que já existem águas florais que disfarçam o sabor amargo), até é agradável.

Mas, no meu desconhecimento, acredito que todas estas qualidades já existissem antes. Por isso, a minha questão mantêm-se: o que é que tornou o Gin tão especial em 2013?
 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Viajar no tempo














Por vezes não dão por vocês a lembrar-se de certas conversas que tiveram há muito tempo atrás? A recordarem-se de palavras exactas que vos foram ditas?

Eu hoje estou num desses dias…em que palavras que me foram ditas há muito tempo e que eu nem sequer sabia que me tinham ficado na memória voltaram.

No decurso do meu dia de trabalho, como habitualmente, ouvi conversas da minha colega com o marido (um dia hei-de perceber por que é que se tem conversas com família/marido/amigos – íntimas, portanto – no meio do local de trabalho onde todas as pessoas que nos rodeiam nos ouvem).

Confesso que não presto muita atenção à conversa, sei apenas que é com marido ou família porque o tom de voz deixa de ser agressivo-profissional e passa a ser dócil, mas ainda assim, de repente ouvi na minha cabeça: “eu não escrevo amo-te nos cartões, amo-te é tão forte”.

Minto…eu não ouvi apenas, eu de repente fui transportada no tempo para um dia de sol de Inverno, no pátio do colégio, com duas das minhas amigas na altura (que hoje já nem sei onde andam). Tínhamos todas talvez 14, 15 anos quando uma delas diz isto. E eu senti a textura da camisola que vestia naquele dia na minha pele, e o Sol que me batia na cara, e o cabelo desalinhado que teimava em tapar-me a cara.

De um momento para o outro eu era a rapariga que fui há 15 anos atrás, com todas as inseguranças pessoais e certezas acerca de como tudo deveria funcionar.

Em segundos fui transportada de uma vida para outra. Porque aquela pessoa que eu senti já está muito longe da pessoa que sou hoje...ficou pelo caminho.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Não agir constitui em si mesmo uma forma de acção




Sendo Verão tenho mais tempo para pensar em mim mesma, pensar nas minhas acções, naquilo que podia ter feito melhor e em que é que posso mudar.

De algum modo, é um balanço intermédio antes de final do ano, em que reflicto sobre aquilo que não gosto na minha vida e, necessariamente, no que posso fazer para tornar isso diferente.

E assim começa o meu primeiro erro de pensamento. Eu tenho primeiro de pensar no que é que quero ser/ter/fazer, e depois então caminhar nesse sentido, e não pensar no que não quero ser/atrair para a minha vida e depois tentar evitar os factores que podem estar a provocar estes efeitos.

A tendência é sempre esta, é pedir para que algo de mal não aconteça, em vez de pedir por algo de bom. Pelo menos é assim que funciona comigo. E depois existe, claro, a forte tentação de atribuir tudo a factores externos: “mas por que é que o Universo não me ajuda?”, “mas será que eu não merecia nada de diferente?”.

A resposta é que mereço aquilo que trabalho para alcançar.

Hoje li algo que me chamou a atenção. Li que o Universo nunca fará aquilo que devemos fazer por nós próprios. E é verdade…Eu não posso continuar a pedir que as coisas funcionem de modo diferente se eu continuar a agir da mesma maneira.

Assim, hoje olho para o futuro, para a pessoa que eu quero ser, e transformo o futuro em presente, sendo hoje aquilo que quero. Mas sendo aquilo que eu realmente quero, e não o que os outros querem, não o que os outros me provocam para eu ser.

Vão sempre existir pessoas no nosso caminho a desafiar-nos, quer para adoptarmos comportamentos positivos, como negativos. Mas cabe-me a mim decidir que comportamento quero ter, a pessoa que quero ser.

E assim hoje aprendi que não agir constitui em si mesmo uma forma de acção. Que nem sempre é necessário reagir a factores externos por via de os deixar influenciar-me, ou motivar-me a ter um tipo de comportamento que me afasta da pessoa que quero ser. E não agindo acabei por agir no sentido se caminhar pelo trilho que me proponho, para chegar à pessoa que quero ser, sendo-a hoje.

Complicado? Não…incrivelmente simples.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Num dia de chuva



Era um dia normal, como todos os outros dias da sua vida. Parecia que naquele nada iria ser diferente, nada de novo iria acontecer. Seria como sempre. Levantar à hora devida, tomar banho, passar os cremes do costume e fazer a maquilhagem que fazia todos os dias, aquela que era mais adequada para trabalhar, escondendo todos os defeitos do rosto, e não realçando nenhuma qualidade especial. A roupa seria em tons de preto e cinzento, sóbria o suficiente para disfarçar o ar de menina que ainda mantinha, e que os caracóis do cabelo insistiam em lhe conferir.

Saiu de casa e entrou noutra rotina, no caminho que a levaria ao seu local de trabalho. Chovia torrencialmente, tinha de conduzir devagar com os limpa pára-brisas em velocidade máxima. Só pensava que iria demorar mais tempo do que o costume a fazer os 5 quilómetros de estrada que separavam a sua casa do escritório onde trabalhava. Iria chegar atrasada e isso significaria ter de ficar a trabalhar até mais tarde. Tinha tanto para fazer...tinha de responder aquele e-mail, rever o outro documento e ainda estabelecer aquele outro contacto.

A rádio passava anúncios. Ela detestava estar no trânsito a ouvir anúncios. Mudou de estação na esperança de que noutra estação estivesse a dar uma música com muito ritmo, precisava disso para se manter animada e não pensar em tudo o que a esperava quando entrasse naquele ambiente cinzento de cheiro tão característico que era o seu escritório - aquele cheiro de papel e de alcatifa diariamente aspirada.

Não encontrou em estação alguma a música que lhe apetecia ouvir. No trânsito, continuava parada. Então olhou para o lado e viu a mota parada debaixo do viaduto. O condutor procurava abrigar-se por momentos da chuva forte. Ajustava o casaco com uma esperança de não se molhar, esperança essa que, aos olhos dela, lhe parecia vã...nada o poderia proteger daquela chuva.

Não lhe conseguiu ver os olhos, mas com vergonha de ver os olhos dele reflectidos nos seus, procurou evitá-los.

E se ela parasse? E se ela oferecesse ajuda?

Foram apenas uns segundos, o trânsito permitiu avançar e ela não hesitou, continuou o seu caminho deixando o homem da mota para trás. No entanto a dúvida persistiu. E se ela tivesse parado? E se ela lhe tivesse oferecido ajuda?

E foi a vontade de o teve feito, e a leveza de saber que se tivesse ficado mais do que um segundo parada naquele sítio algo teria acontecido. E foi no instante em que tomou essa consciência que o seu dia deixou de ser normal, que aconteceu algo de completamente diferente: porque algo em si mudou!